quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Flâneur

“(...)É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico.(...)'' (A rua - João do Rio)

Foi durante o ápice da sociedade que vivia o processo da industrialização, quando ocorria o fenômeno da urbanização das cidades européias e a ideologia “tempo é dinheiro” ditava o modo como as pessoas aproveitariam o tempo em seu cotidiano, nas décadas de 1830 e 1840, que ocorreu o aparecimento de uma figura que parecia alheia a tudo isso, que dedicava seu tempo a vagar pelas ruas, com intenção de observar o que acontecia ao seu redor, de captar algo de mais permanente no cenário urbano. O chamado Flâneur é um observador que caminha tranqüilamente pelas ruas, apreendendo cada detalhe, sem ser notado. Ele nasce na modernidade e solidifica-se como praticante da experiência de gostar de perambular pelas ruas pelo simples prazer de observar ao seu redor, não dever satisfações ao tempo e ter a rua como matéria prima e fonte de inspiração.
Segundo o Poeta francês Charles Baudelaire, sobre o cenário das máquinas e da visão consumista das pessoas da época em que surge a figura do Flâneur, “É um cenário perfeito para o aparecimento dessa figura que está em todos os lugares e ao mesmo tempo em nenhum lugar. Entre todos, porém sozinho. Esse ser aparentemente indecifrável, que é o flâneur, dividido entre o encantamento e o temor da cidade.”
Hoje, o flâneur originalmente aparece na figura do turista, o qual chega em determinado lugar com um olhar curioso e perdido, podendo enxergar e sentir detalhes que talvez os nativos não enxerguem.

            



Nenhum comentário:

Postar um comentário